sexta-feira, 20 de setembro de 2013

Ser saudável não é difícil!

Por: Luísa Borges

A alimentação para os diabéticos sempre foi alvo de questionamentos: "Eles podem comer doces, assim como macarrão e arroz?". É evidente a necessidade de ter uma alimentação mais regrada, não restrita, mas sim uma regulação na ingestão de açucares. O segredo é comer várias vezes ao dia em poucas porções. Uma dieta de baixo índice glicêmico pode melhorar o controle do diabetes tipo 2.
Para atingir os objetivos necessários de uma boa alimentação diária é preciso consumir três tipos de alimentos:
*Alimentos Energéticos: Fontes de carboidratos complexos (pães, cereais, massas e raízes).
*Alimentos Reguladores: Fontes de carboidratos, vitaminas, minerais e fibras (verduras, legumes e frutas).
*Alimentos Construtores: Fontes de proteínas e cálcio (leite e derivados) e proteínas e ferro (carnes magras, ovos, feijões).
Uma alimentação programada é um dos pilares para o tratamento da diabetes. O plano alimentar depende da idade, sexo, estado nutricional, atividade física, fisiológica e condições patológicas.




Carboidrato: O corpo converte, aproximadamente, 100% dos carboidratos ingeridos em glicose. Os carboidratos são abundantes em nossa alimentação e podem ser encontrados de duas formas: a simples e a complexa. A simples não requer nenhum processo digestivo e logo após a ingestão elevam os valores glicêmicos (lactose, sacarose e frutose). A complexa demanda de um processo digestivo e há lenta elevação glicêmica (amido).  São os carboidratos que fornecem energia para o funcionamento das células do organismo. Estes então são digeridos e transformam-se em monossacarídeos. O mais importante deles é a glicose. 
A glicose absorvida só é capaz de entrar na célula e desempenhar seu papel nutricional através da insulina (age como uma chave para a passagem de glicose para dentro das células) e então fornecendo energia . No diabético, o pâncreas ou não produz ou tem uma ação defeituosa da insulina e é ai que entra a contagem de carboidratos muito utilizada no tratamento do diabético (é recomendado que cerca de 50% das necessidades energéticas sejam em carboidratos*).
Desse modo, sabendo a quantidade de carboidratos ingeridos o nutricionista/médico dosa a quantidade exata de insulina necessária para que não haja hiperglicemia ou hipoglicemia.
* Há algumas variações dessa taxa, como por exemplo se o indivíduo faz ou não atividade física.




Proteína: As proteínas afetam menos os níveis de glicose no sangue do que os carboidratos. Aproximadamente, apenas 50% da proteína é convertida em glicose. Os diabéticos devem optar por ingestão de carnes magras, reduzir a ingestão de carne vermelha  e optar por frango ou peixe. A gordura saturada contida na carne vermelha têm tendências a provocar ainda mais resistência à insulina, assim agravando a doença. 
 Recentes estudos relataram que uma dieta rica em proteína pode diminuir a albumina liberada em excesso  na urina por diabéticos. Como a proteína não aumenta significativamente a quantidade de açúcar no sangue, uma refeição com porções de proteínas diminui o índice glicêmico ajudando a controlar o peso e a quantidade de açúcar no sangue. 

                                     



Lipídio: A ingestão diária de pequenas doses de óleo de linhaça e azeite de oliva reduzem diabetes tipo 2. Um estudo foi realizado no Laboratório de Sinalização Celular (Labsincel). De acordo com a pesquisa as gorduras saturadas causam inflamação no hipotálamo que não permite que o cérebro perceba que o organismo está satisfeito E como o aumento de peso está associado ao diabetes tipo 2 desse modo as gorduras insaturados ( óleo de linhaça- ômega 3 e azeite de oliva- ômega 9) reverteriam esse quadro de inflamação. O uso desses óleos (ômega 3 e 9) restabelece a função do hipotálamo que é controlar a fome e o gasto energético.



Vitamina: Há algum tempo foi descoberta que a diabetes tipo 1 é mais rara quanto mais perto do equador se está (maior índice de radiação solar). A falta de vitamina D, presente em nosso organismo e que precisa ser estimulada pelos raios solares, pode causar a diabetes. Há estudos que confirmam que crianças suplementadas com vitamina D a partir do primeiro ano de idade diminuem em 80% o risco de desenvolver diabetes tipo 1. 
Estudos feitos pelo médico Vivian Fonseca, na Universidade Tulane, e sua equipe sugerem que as vitaminas podem tratar a neuropatia (dano nos nervos), uma doença que mais da metade dos diabéticos sentem. 





Álcool: O efeito do álcool em diabéticos pode ser a hiperglicemia e hipoglicemia. O corpo enxerga o álcool como uma toxina e dessa forma precisa metabolizar e remover o mais rapidamente do organismo. Assim, o corpo está tão ocupado processando o álcool que não libera/produz glicose até que o álcool seja eliminado. Essa incapacidade leva a um quadro de hipoglicemia. 
Diminuir o tempo de absorção do álcool no organismo pode ser benéfico. Ingerir álcool depois de uma refeição contendo carboidratos, proteína e gordura faz com que o álcool seja liberado mais rapidamente do organismo já que quanto maior a concentração de gordura maior será o processo de absorção. Porém continuar com a ingestão de álcool e carboidrato logo após uma grande refeição, pode aumentar os níveis de glicose no sangue causando então a hiperglicemia.





Na verdade a dieta dos diabéticos é a dieta ideal para todas as pessoas. Dependendo do caso, há diabéticos que tomam insulina de acordo com os carboidratos ingeridos na refeição, havendo assim mais liberdade. Há também casos de pessoas que tomam apenas certa dose e tem que adaptar-se a comer apenas aquela quantidade prescrita.
No geral o acompanhamento nutricional é necessário para que haja uma alimentação balanceada e que não haja a necessidade de um uso excessivo de insulina por uma ingestão exagerada de açúcares.

Referência:

http://www.fcm.unicamp.br/fcm/fcm-hoje/noticias/2011/azeite-e-oleo-de-linhaca-reduzem-obesidade-e-diabetes-aponta-estudo
http://centrodeartigos.com/saude-e-dieta/artigo-10297.html

Glicosímetro

Por Juliana Malafaia :)

          Na maioria dos casos, é recomendado que os diabéticos façam o monitoramento dos níveis de glicose no sangue por meio de exames no glicosímetro. Esse exame é aquele famoso exame de furar o dedinho em que o paciente faz um pequeno furinho na extremidade de um dos dedos da mão e insere o sangue em uma fita reagente.


Uma foto que eu tirei a um tempo no meu instagram
 do meu glicosímetro :)

A maioria dos glicosímetros funcionam assim:
Sistemas fotométricos:  é inserida uma amostra de sangue na fita, e de acordo com a variação da glicose, a intensidade da cor varia e o aparelho lê o comprimento de onda gerado.
 Há também os sistemas que avaliam a reação da glicose coma hexoquinase na fita. Quando o sangue é aplicado na fita, a glicose fosforila em glicose-6-fosfato, esse depois é oxidado com redução do NAD. O NADH formado é proporcional à quantidade de glicose presente no sangue capilar que foi inserido na fita. Em seguida o NADH, juntamente a outra enzima, reduz o corante, gerando um produto colorido em quem é medida a reflectância da reação pela ultilização de um algoritmo.

Sensores eletroquímicos: estes medem a corrente elétrica que a glicose produz por meio de reaçoes bioquímicas na amostra de sangue.

Sistemas amperométricos (fatores de reflectância): O aparelho dispara um pequeno raio de luz aonde o sangue é inserido e mede a luz que é refletida. A quantificação da glicose é feita pela medida da corrente que é produzida quando a glicose oxidase catalisa a oxidação da glicose a ácido glucônico ou quando a glicose desidrogenase catalisa a oxidação de glicose para gluconolactiona. Os elétrons que são gerados na reação são transferidos a partir do sangue para os eletrodos. A magnitude da corrente gerada é proporcional a concentração de glicose na amostra.
Muitos desses aparelhos que funcionam por esse sistema, medem não só a glicose mas também outros fatores como colesterol, triglicerídeos e lactato, porém há um tipo específico de fita para cada teste a ser realizado e consequentimente um tipo de reação bioquímica específica.

A glicemia medida pelo glicosímetro é a do sangue capilar e mede a concentração de glicose no sangue total, já a glicemia medida nos laboratórios não é feita com este aparelho e mede a concentração de glicose no plasma sanguíneo. O resultado é dado em mg/dL (miligramas por decilitro)
Independente do sistema que o aparelho ultiliza, há uma grande precisão no resultado. Nenhum é melhor do que o outro, apenas há alguns que são mais comuns. Todos os aparelhos passam por diversos testes antes de ser aprovados no mercado, por isso todos tem uma precisão garantida.

Fontes: http://www.diabetes.org.br/para-profissionais/colunistas-da-sbd/2276-esclarecimentos-quanto-a-metodologia-utilizada-nos-monitores-de-glicemia-capilar-glicosimetros-e-erros-mais-frequeentes-na-pratica-clinica
http://www.tiabeth.com/tiabeth/wp/tecnologia/2011/11/28/25/


Comportamento alimentar de diabéticas




Por: Valesca Trapp
 


O cumprimento da dieta adequada é de extrema importância no tratamento do diabetes, porém comer não é apenas ingerir alimentos e nutrientes, envolve mais coisas, é muito mais complexo que apenas nutrir-se. Está relacionado a sentimentos, emoções, valores culturais entre outros. As vezes comemos por ansiedade, nervosismo, frustrações do cotidiano, mesmo não sendo a melhor forma de extrapolar as emoções. No momento que o fazemos geramos prazer e satisfação, nos esquecendo de todo o resto. O “não poder comer” acaba gerando estresse e trazendo mais malefícios à paciente, que perde o prazer, a autonomia e a vontade para se alimentar. 



Como todas nós mulheres sabemos, é muito complicado passar por uma TPM ou por algum estresse muito grande sem descontar na comida, normalmente doces. Um estudo feito em uma Unidade Básica de Saúde de Ribeirão Preto (SP) entrevistou 8 mulheres portadoras de diabetes tipo 2 para tentar entender os motivos do não seguimento da dieta prescrita.
As entrevistadas são de classes mais baixas, e relatam a falta de apoio familiar, a preferência por alimentos com mais “sustância” como o arroz e o feijão, o desejo pelo doce e a não aceitação da doença. Normalmente são responsáveis pela comida do lar e não podem desfrutar do que fazem, gerando mais desconforto e insatisfação ao fazer a dieta.
            Abaixo seguem alguns relatos das pacientes retirados do artigo supracitado, mostrando a grande necessidade do doce e o sentimento de tristeza com a doença.

“Parece que se eu não comer, parece que eu vou morrer (...) enquanto eu não como eu não sossego.” (Joana)

“Todo dia eu como doce (...) quando eu não acho um doce para comer, eu como até açúcar.” (Maria)

Como muitos dizem "proibido é mais gostoso", o fato de não poderem ingerir açúcares no momento que quiserem acaba aguçando o desejo por doces, uma das entrevistadas relatou nunca ter gostado de doces, mas após o diagnóstico de diabetes passou a ter mais desejo por alimentos doces.

“Nunca gostei muito de doce, e agora por causa do diabete sempre me dá vontade de comer doce.” (Lúcia)

Como já foi dito, a alimentação está estritamente ligada ao prazer e sentimentos de satisfação e alegria. Muitas pacientes relataram ter sentimentos negativos em relação à doença, por não poderem ingerir os alimentos de suas preferências.


Sentimentos: “eu tenho uma tristeza com o diabetes”
          As entrevistadas veem o diabetes como algo restritivo, que impossibilita o controle de suas vidas, já que impõem uma série de normas e regras relacionadas à alimentação e o estilo de vida. Como são mulheres de baixa renda veem a dieta como uma redução do prazer e do lazer, já escasso pela condição social das mesmas.


“Eu tenho uma tristeza com o diabetes (...) não tem vontade de viver mais (...) a gente não tem liberdade assim de comer.” (Ana)

“(doce) Eu fico possessa comigo, eu quero me segurar, mas não adianta.” (Maria)


O objetivo do artigo é contribuir com a reflexão de como melhorar o atendimento às mulheres portadoras de diabetes tipo 2, humanizando o atendimento e buscando sempre ouvir o que o paciente tem a dizer sobre suas preferências alimentares e como essa tristeza e repulsa à dieta podem ser diminuídas, também tentando conscientizar a família da necessidade de colaborar com as necessidades dela.


Referência:

PÉRES, Denise Siqueira; FRANCO, Laércio Joel; DOS SANTOS, Manoel Antônio . Comportamento alimentar em mulheres portadoras de diabetes tipo 2. Rev Saúde Pública 2006;40(2):310-7. (Acessado 16/09/2013)