Por: Valesca Trapp
O
cumprimento da dieta adequada é de extrema importância no tratamento do
diabetes, porém comer não é apenas ingerir alimentos e nutrientes, envolve mais
coisas, é muito mais complexo que apenas nutrir-se. Está relacionado a
sentimentos, emoções, valores culturais entre outros. As vezes comemos por
ansiedade, nervosismo, frustrações do cotidiano, mesmo não sendo a melhor forma
de extrapolar as emoções. No momento que o fazemos geramos prazer e satisfação,
nos esquecendo de todo o resto. O “não poder comer” acaba gerando estresse e
trazendo mais malefícios à paciente, que perde o prazer, a autonomia e a
vontade para se alimentar.
Como
todas nós mulheres sabemos, é muito complicado passar por uma TPM ou por algum
estresse muito grande sem descontar na comida, normalmente doces. Um estudo
feito em uma Unidade Básica de Saúde de Ribeirão Preto (SP) entrevistou 8
mulheres portadoras de diabetes tipo 2 para tentar entender os motivos do não
seguimento da dieta prescrita.
As
entrevistadas são de classes mais baixas, e relatam a falta de apoio familiar,
a preferência por alimentos com mais “sustância” como o arroz e o feijão, o
desejo pelo doce e a não aceitação da doença. Normalmente são responsáveis pela
comida do lar e não podem desfrutar do que fazem, gerando mais desconforto e
insatisfação ao fazer a dieta.
Abaixo seguem alguns relatos das
pacientes retirados do artigo supracitado, mostrando a grande necessidade do
doce e o sentimento de tristeza com a doença.
“Parece que se eu não comer, parece que eu vou morrer (...) enquanto eu
não como eu não sossego.” (Joana)
“Todo dia eu como doce (...)
quando eu não acho um doce para comer, eu como até açúcar.” (Maria)
Como muitos dizem "proibido é mais gostoso", o fato de não poderem ingerir açúcares no momento que quiserem acaba aguçando o desejo por doces, uma das entrevistadas relatou nunca ter gostado de doces, mas após o diagnóstico de diabetes passou a ter mais desejo por alimentos doces.
“Nunca gostei muito de doce, e agora por causa do diabete sempre me dá
vontade de comer doce.” (Lúcia)
Como já foi dito, a alimentação está estritamente ligada ao prazer e sentimentos de satisfação e alegria. Muitas pacientes relataram ter sentimentos negativos em relação à doença, por não poderem ingerir os alimentos de suas preferências.
Sentimentos: “eu tenho uma tristeza com o diabetes”
As entrevistadas veem o diabetes como algo restritivo, que impossibilita o controle de suas vidas, já que impõem uma série de normas e regras relacionadas à alimentação e o estilo de vida. Como são mulheres de baixa renda veem a dieta como uma redução do prazer e do lazer, já escasso pela condição social das mesmas.
Sentimentos: “eu tenho uma tristeza com o diabetes”
As entrevistadas veem o diabetes como algo restritivo, que impossibilita o controle de suas vidas, já que impõem uma série de normas e regras relacionadas à alimentação e o estilo de vida. Como são mulheres de baixa renda veem a dieta como uma redução do prazer e do lazer, já escasso pela condição social das mesmas.
“Eu tenho uma tristeza com o diabetes (...) não tem vontade de viver
mais (...) a gente não tem liberdade assim de comer.” (Ana)
“(doce) Eu fico possessa comigo, eu quero me
segurar, mas não adianta.” (Maria)
O objetivo do artigo é contribuir com a reflexão de
como melhorar o atendimento às mulheres portadoras de diabetes tipo 2,
humanizando o atendimento e buscando sempre ouvir o que o paciente tem a dizer
sobre suas preferências alimentares e como essa tristeza e repulsa à dieta
podem ser diminuídas, também tentando conscientizar a família da necessidade de
colaborar com as necessidades dela.
Referência:
PÉRES, Denise Siqueira; FRANCO, Laércio Joel; DOS SANTOS, Manoel Antônio .
Comportamento alimentar em mulheres portadoras de diabetes tipo 2. Rev Saúde Pública
2006;40(2):310-7. (Acessado 16/09/2013)
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